A guerra na Ucrânia trás reflexos na economia global. Esse assunto tem sido amplamente debatido desde o ínicio do conflito. Sanções impostas à Russia pelos Estados Unidos (EUA) e União Europeia (UE) trarão reflexos negativos por vários anos àquele país. Em contrapartida, 40% do gás utilizado pelos europeus vem da Russia, causando impacto em toda cadeia produtiva. A Russia é ainda um grande produtor de petróleo e fertilizantes e, junto com a Ucrânia, são responsáveis pelo fornecimento de milho e trigo à uma parcela significativa da população mundial.
A consquência é inevitável: falta de abastecimento, que gera inflação e menor crescimento econômico. Nessa linha, o FMI reviu seus números, reduzindo a previsão de crescimento global em 2022 de 4,4% para 3,8%. O Brasil, embora geograficamente distante do conflito, também é afetado economicamente. Entretanto, apesar de existirem ameaças, também há oportunidades. A variação dos preços dos combustíveis tem impacto direto na inflação, uma vez que 60% de nossos produtos são transportados por via rodoviária. Além disso, temos ainda grande dependência dos fertilizantes Russos, o que pode prejudicar nossa produção. Por outro lado, a escassez de alimentos no mundo trás uma oportunidade real ao agronegócio brasileiro. Nessa linha, na contramão do mundo, o FMI alterou a previsão de crescimento de nosso PIB de 0,3% para 0,8%, apostando no aumento da exportação de grãos.
Se o Brasil conseguir contornar o suprimento de fertilizantes, poderemos ter um expressivo crescimento no agronegócio, transformando um cenário de ameaças em oportunidades.