Congresso Nacional tenta aprovar medidas que regulamentem o mercado de carbono e estabelecer redução de tributos para produtos adequados à economia verde de baixo carbono
Dados da WayCarbon e da International Chamber of Commerce Brasil revelam que o país tem potencial para gerar até R$ 100 bilhões em receitas com créditos de carbono apenas nos setores do agronegócio, florestas e energia. De acordo com a projeção, o quadro atenderia entre 2% a 22% do mercado regulado global.
A diretora para Políticas Públicas e Relações Governamentais da TNC Brasil, Karen Oliveira, explica que o mercado regulado de carbono é um dos mecanismos que estimula a manutenção das florestas. Portanto, ela considera que medidas que contribuam para a valorização do meio ambiente devem ser aprovadas e postas em prática.
Ela reforça que ações que , economicamente, fazem com que a floresta em pé tenha seu valor reconhecido, como é o caso do mercado regulado de carbono, tendem a ser um incentivo para a redução do desmatamento e redução das queimadas.
O Congresso Nacional tenta aprovar medidas que regulamentem o mercado de carbono no Brasil. Na Câmara dos Deputados, por exemplo, o destaque é para o projeto de lei 2148/2015, que estabelece redução de tributos para produtos adequados à economia verde de baixo carbono.
O PL 528/2021, de autoria do deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM), está apensado à proposta. Entre outros pontos, a medida institui o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), que visa regular a compra e venda de créditos de carbono no Brasil. Segundo Ramos, o país precisa atuar nesse campo para ampliar sua competitividade com outras nações.
A diretora da TNC Karen Oliveira salienta a importância de leis que tratem do tema, e, segundo ela, nos mercados regulados, os setores produtivos são obrigados pela legislação a reduzir suas emissões que podem transacionar permissões de emissões com outras empresas, baseado nas reduções que podem alcançar.
Origem do mercado de carbono
Os mercados de carbono passaram a ganhar mais ênfase em todo o mundo desde a assinatura, por países da ONU, do Protocolo de Kyoto, em 1997. O acordo entre as nações estabeleceu a meta de que países desenvolvidos deveriam diminuir em 5,2% suas emissões de gases que provocam o chamado efeito estufa. A redução deveria ocorrer até 2012.
Já em 2015, com a assinatura do Acordo de Paris, as metas foram renovadas e passaram a contar com incentivos à iniciativa privada. A regulamentação desses pontos ocorreu na COP26, em Glasgow, na Escócia.