Valores pagos aos pesquisadores brasileiros que desenvolvem pesquisas de Mestrado e Doutorado não são reajustados desde 2013. Segundo cálculos, a perda de poder de compra das bolsas já supera os 60%.
A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), entidade registrada em 1986 com o objetivo de auxiliar os pós-graduandos a defenderem seus direitos, lançou um abaixo-assinado reivindicando o reajuste de bolsas de estudo de Mestrado e Doutorado.
Atualmente, o valor individual das bolsas, vinculadas à CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) é de R$ 1.500,00 para mestrandos e R$ 2.200,00 para doutorandos.
Todavia, estes valores não são reajustados desde 2013. Segundo cálculos, ao longo deste período de oito anos, a perda de poder de compra das bolsas superou os 60%.
O INPC, Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que mostra a variação do custo de vida no Brasil, acumula no período alta de 63,47%. Se este percentual fosse aplicado às bolsas, segundo a ANPG, os valores atuais seriam de, respectivamente, R$ 2.452,00 e R$ 3.596,00.
Ao chamar a atenção para este problema, um manifesto que acompanha o abaixo-assinado ressalta a cada vez mais difundida função das bolsas de pesquisa como salário pago pelo trabalho dos pesquisadores brasileiros, bem como sua importância fundamental para o aprimoramento da ciência no Brasil.
Nesse sentido, o texto destaca que “muitas pessoas podem não saber, mas a bolsa de estudos não é uma benesse. Para obtê-la, é necessário a apresentação e aprovação de projeto de pesquisa, passar por processo seletivo, é exigida dedicação exclusiva do contemplado, além de cumprimento de cronogramas, prazos e a entrega do resultado final. O bolsista vive em regime híbrido de estudo e trabalho”.
“Não é razoável que um país das dimensões e potencialidades do Brasil, com uma economia de médio a grande porte, trate com tamanho descaso aqueles que são responsáveis por 90% da pesquisa científica produzida, justamente esses que podem ser a solução para tirar o país [da] prolongada crise econômica que infelicita a nação. Diante desse quadro, a falta de oportunidades e perspectivas tem agravado sobremaneira o fenômeno da fuga de cérebros – ou seja, nossos talentos, formados com recursos nacionais, são obrigados a deixar o país e contribuir com a produção científica de outros países”, continua a declaração.
A fim de valorizar o trabalho dos cientistas e pesquisadores brasileiros, a ANPG disponibilizou este abaixo-assinado pelo reajuste das bolsas no site Change.org, onde espera chegar a 15.000 assinaturas. Na madrugada de hoje (22/10), a reivindicação já contava com a adesão de mais de 11.000 pessoas.
Texto: Victor Gandin
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