Estudo diz que em onze anos, o número de mulheres médicas quase dobrou no Brasil. Contudo, a desigualdade salarial persiste e mostra que elas recebem cerca de 36% a menos do que os colegas médicos
Entre 2011 e 2022, a quantidade de mulheres médicas no Brasil quase dobrou. No primeiro ano, o número era de 141 mil profissionais, passando para 260 mil no ano passado. Os dados são do estudo Demografia Médica no Brasil 2023, que ainda revela que até o ano que vem as mulheres serão maioria entre os médicos do país, com um percentual de cerca de 50,2% da categoria profissional.
A pesquisa realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) e a Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) revela que desde 2009 este fenômeno é observado junto aos novos alunos da graduação e aos novos registros em Conselhos Regionais de Medicina (CRMs).
Dados do estudo apontam que a distribuição dos rendimentos ainda é desigual: as mulheres chegam a receber 36,3% menos do que colegas homens, segundo dados das declarações prestadas à Receita Federal no ano-base de 2020.
A pesquisa também avaliou o percentual de homens e mulheres em cada especialidade. As mulheres são minoria em todas as especialidades cirúrgicas, como cirurgia geral, em que são menos de 25% dos especialistas. Em urologia, ortopedia, traumatologia e neurocirurgia os homens representam mais de 90% dos especialistas.
Em alguns outros setores, porém, a representatividade feminina dispara. É o caso de dermatologia, especialidade na qual elas são 77,9%, pediatria (75,6%), alergia, imunologia, endocrinologia e metabologia, ambas com 72,1% de mulheres.
A pesquisa foi apresentada recentemente aos Ministros da Saúde, Nísia Trindade, e da Educação, Camilo Santana. Na oportunidade, os ministros aproveitaram para anunciar a criação de uma Comissão Interministerial para Gestão da Educação na Saúde, com objetivo de fortalecer a ciência, tecnologia e inovação em assuntos comuns às duas áreas.
Eliana Saraiva, com informações da Associação Médica Brasileira (AMB)