Conhecido por integrar o chamado Centrão, PL é presidido por político condenado no Mensalão. Legenda ganhou notoriedade em 2002, ao eleger o vice-presidente de Lula. Em 2010 e 2014, com o nome PR, integrou coligação de Dilma
Sem legenda desde que deixou o PSL em novembro de 2019, ainda durante seu primeiro ano de mandato, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou hoje (08/11) filiação a um novo partido político.
Em entrevista à CNN, Bolsonaro disse estar “99% fechado” com o Partido Liberal (PL). Caso se concretize, a filiação atende a um pedido feito pelo próprio presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, que recentemente publicou um vídeo reiterando convite de filiação a Bolsonaro, seus filhos e “fiéis seguidores da causa brasileira sob sua liderança”.
Após conversa telefônica entre Bolsonaro e Costa Neto, o próprio dirigente do PL confirmou que seu partido abrigará a candidatura de Bolsonaro, através de uma mensagem enviada ao site Poder360. No áudio, Valdemar Costa Neto mostrou também a possibilidade de que as outras duas legendas que estavam no radar de Bolsonaro (PP e PRB – atual Republicanos) componham juntas uma aliança.
Apesar das confirmações, a notícia da filiação deve ser encarada com cautela. Não é a primeira vez que Bolsonaro garante que irá se filiar a uma legenda específica, de maneira que não seria surpresa uma mudança de rumo. Bolsonaro costuma utilizar metáforas relacionadas a casamentos para ilustrar suas decisões partidárias.
Neste ano, o presidente já flertou com legendas como PMB, DC, Patriota, PRTB e PTB. Desde então, o PMB mudou de nome para Brasil 35 e anunciou Cabo Daciolo como pré-candidato a presidente. A decisão avançada com o Patriota também não decolou. No PTB, Cristiane Brasil, filha do presidente Roberto Jefferson, chegou a ser expulsa do partido para atrair Bolsonaro, mas, posteriormente, da prisão, Jefferson escreveu uma carta com críticas a ele.
Mais recentemente, a bola da vez passou a ser o PP, do Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Em fala, Bolsonaro incluiu o Republicanos (antigo PRB) na “bolsa de apostas” e afirmou ter “três namoradas”, referindo-se aos partidos que disputavam por sua filiação atualmente, os quais foram citados nominalmente: Republicanos, PL e PP.
No momento, a tendência de Bolsonaro, que precisa estar formalmente filiado a um partido político caso queira organizar sua base e disputar as eleições de 2022, inclinou-se para o PL. A legenda foi criada em 1985. Em 2006, fundiu-se com o PRONA (Partido de Reedificação da Ordem Nacional, liderado por Enéas Carneiro), formando o PR – Partido da República. Em 2019, o PR voltou a se chamar PL (Partido Liberal).
O PL ficou nacionalmente conhecido por eleger o vice-presidente José Alencar, na primeira eleição de Lula à Presidência da República, em 2002. O partido também esteve, já com o nome PR, na coligação de Dilma Rousseff (PT) em 2010 e 2014. Em 2018, porém, decidiu apoiar Geraldo Alckmin (PSDB). Outro possível presidenciável das eleições do ano que vem também já recebeu apoio do PL no passado: em 1998, o partido esteve na coligação de Ciro Gomes, então candidato pelo PPS.
Conhecido por integrar o chamado Centrão, o PL é presidido por Valdemar Costa Neto, condenado em 2013 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito do escândalo do Mensalão, conforme relembrou o jornal O Povo. Bolsonaro elegeu-se em 2018 na esteira de um movimento anticorrupção e foi apresentado em campanha como “o novo jeito de fazer política”, sem “toma-lá-dá-cá”. Propaganda eleitoral da época afirmava que o “mecanismo corrupto que comanda o país” estaria “perto de ser derrubado”.
Texto: Victor Gandin
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