O fato ocorreu durante a realização do COP e o Oswaldo dos Santos Lucon fez o pedido de demissão por e-mail.
O coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, o pesquisador Oswaldo dos Santos Lucon, pediu demissão na terça-feira (2) . A decisão foi tomada 3 dias depois do início da COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). Lucon foi nomeado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro em maio de 2019.
“Eu decidi sair porque já estava na hora“, disse Lucon. O pedido de demissão foi realizado por e-mail e confirmado em ligação ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. Segundo o pesquisador, a resposta do ministro foi: “Se está decidido, está decidido“.
Lucon explicou que a função do fórum “é colocar em contato o governo e a sociedade“. Mas disse que não era chamado pelo governo para dialogar. Segundo ele, se esse canal de comunicação não funciona, o comitê deve ser gerenciado por outra pessoa que consiga.. Vale destacar que compete ao comitê orientar o governo sobre políticas climáticas do país.
Ao que se demonstra, Lucon já não estava feliz no cargo por falta de apoio e de recursos financeiros do governo ao fórum. O trabalho do comitê é voluntário, mas é necessário investimento para a realização de eventos e encontros, por exemplo. Contudo, Lucon nega que a falta de recursos tenha sido o motivo para sua saída. “Suporte financeiro nunca ocorreu, se fosse por suporte financeiro eu já teria saído“, salientou.
Cláudio Ângelo, do Observatório do Clima, avalia que a saída dele demorou. “Lucon sempre foi bom demais para esse governo“, afirmou. Ele disse que o pesquisador nunca foi ouvido pela gestão de Bolsonaro.
“O governo tinha desprezo total pelo fórum, deixou Lucon sem apoio e sem recursos“, declarou Cláudio Ângelo. Segundo ele, o antecessor no cargo, Alfredo Sirkis, tinha boa relação com o ministro do Meio Ambiente do governo Temer, Sarney Filho, conseguindo apoio. “Salles [antigo ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro] nunca deu esse apoio ao Lucon“, completou Ângelo. O atual ministro Joaquim Leite é associado a uma continuação da gestão de Ricardo Salles da pasta.
Texto: Eliana Saraiva, com informações do Poder360 e ALESP