Especialistas explicam a gravidade das variantes do coronavírus
A maioria dos casos de Covid-19 na cidade de São Paulo foram causados pela variante Delta (95,2%). A informação é de um estudo feito pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Adolfo Lutz, que também registraram casos da variante Gama (4,6%) na capital paulista.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram o sequenciamento do vírus em novos casos durante as últimas semanas de setembro, quando foram detectados 573 novos infectados com a variante Delta, na cidade de São Paulo. A variante começou a circular no Brasil em julho deste ano e, de lá para cá, foram identificados 2.494 casos na cidade.
Variantes são mutações que algum vírus sofre ao se espalhar ou ao copiar a si mesmo. Quando ele passa por mais de uma mutação, as mudanças recebem o nome de variantes.
Variante delta
Conhecida como Delta (B.1 617.2, antes também chamada de variante indiana), a variante já foi registrada em mais de 130 países, conforme divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 30 de julho deste ano. Identificada na Índia no fim de 2020, a variante Delta foi detectada pela primeira vez no Brasil no início de julho de 2021 e, deste então, tem gerado preocupação.
“A Delta é a que mais predomina no mundo, causando casos da Covid-19. O grande problema dessa variante é que ela é 40% mais transmissível do que o coronavírus original e, com isso, ela se dissemina na comunidade muito mais fácil em pessoas não vacinadas. Em Israel, por exemplo, nós tínhamos observado que a vacina tinha diminuído o número de casos, mas a variante fez com que pessoas já vacinadas pegassem a doença, e isso levou o governo de lá a propor a terceira dose da vacina contra a Covid-19 para toda a população”, diz o infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia, Julival Ribeiro.
A plataforma Genomahcov, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra dados das variantes, como é possível ver na imagem a seguir:
Variante Gama
Descoberta inicialmente em pessoas japonesas que estavam retornando da Amazônia para o país de origem, a variante Gama tem características próprias que a levaram a ser classificada como uma variante de preocupação, que é quando tem uma transmissibilidade maior, aumento da virulência ou diminuição da eficácia de uma vacina. A Gama tem um aumento de transmissão em relação à cepa original, porque ela carrega mutações na espícula – local onde o vírus se conecta à célula humana.
Segundo a infectologista Ana Helena Germoglio, a Variante Gama foi a responsável pela maioria dos casos e mortes no Brasil ainda no início da pandemia. “Ela [variante Gama] causou mais casos e óbitos no país, quando a gente ainda não sabia ao certo se essas variantes eram capazes de infectar novamente as pessoas que já tinham tido a infecção pelo vírus original. À época, ela se mostrou 60% mais infectante que a cepa original da China, o que causou uma grande taxa de letalidade na Amazônia e no resto do país”, diz.
“Ela foi capaz de causar, muito provavelmente, a maior parte das mortes que nós tivemos pela sua capacidade de contaminação e ocasionou a superlotação dos serviços de saúde pública. Apesar de no começo da identificação da Gama existirem muitas dúvidas, vimos que as vacinas são eficazes contra ela. Não à toa tivemos uma queda no número de casos desde o início da vacinação”, completou a infectologista.
Sintomas
De acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, apesar de serem variantes diferentes, é considerável que todas as variantes tenham o mesmo tempo de infecção e, também, os mesmos sintomas.
Para pacientes que tenham formas leves e moderadas, são 10 dias e para os pacientes que tenham a forma mais grave, 20 dias. Os sintomas são os mesmos para todas as variantes, independente de qual seja.
Dados da Covid-19
O Brasil registrou mais 6.918 casos e 202 óbitos por Covid-19, nesta segunda-feira (11), de acordo com o balanço mais recente do Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia, mais de 21.582.738 milhões de brasileiros foram infectados pelo novo coronavírus. O Rio de Janeiro ainda é o estado com a maior taxa de letalidade entre as 27 unidades da federação (5,16%) O índice médio de letalidade do País estava em 2,79%.
Da Redação, com fonte Brasil