Preconceito, disponibilidade de tempo, gestão da vida familiar e pouca informação sobre crédito são algumas das barreiras para o empreendedorismo feminino
Se empreender é um desafio, para as mulheres é ainda maior. De acordo com o IBGE, além das atividades profissionais, as mulheres dedicam, em média, 21,5 horas semanais para cuidados com a casa e os filhos; enquanto os homens empregam 11 horas nessas atividades.
Para desenvolver a carreira, muitas vezes as mulheres sentem culpa pela necessidade de se afastar da casa e dos filhos. Essas são situações culturais e, na opinião da coordenadora nacional de Empreendedorismo Feminino do Sebrae, Renata Malheiros, podem ser trabalhadas.
“Nós atuamos tanto com o desenvolvimento de competências técnicas necessárias quanto com planejamento, finanças, marketing. Mas a gente trabalha também com o desenvolvimento das competências socioemocionais que, muitas vezes, nós mulheres somos prejudicadas pela própria cultura enraizada em cima de preconceitos. E a gente muda isso com diálogo, a gente muda isso com redes”, sustenta.
Quem se beneficiou com as trocas nos grupos promovidos pelo Sebrae foi Roberta Azevedo, dona de um restaurante em Brasília. Há seis anos ela atua no ramo alimentício e, há dois, abriu o restaurante. “No início eu era muito inexperiente. Estou envolvida com grupos de empresárias, empreendedoras mulheres. Nós nos reunimos, fazemos viagens, participamos de missões empresariais e temos esse apoio uma das outras”, relata.
Trilhas de Conhecimento
Para reunir iniciativas como o Sebrae Delas, o Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), da CNI, além de créditos em bancos, o Governo Federal lançou em março o programa Brasil pra Elas. Um portal digital que reúne as várias etapas para o empreendedorismo, focado na atuação de mulheres.
Para a secretária Especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, o empreendedorismo feminino é fundamental na retomada da economia. Apesar de dinheiro não ter “carimbo, cor, ideologia ou sexo”, Marques defende que é importante a particularização das ações. “a gente vai ter um olhar mais sensível à questão do empreendedorismo feminino”, diz.
O plataforma Brasil pra Elas é uma forma de as mulheres ganharem tempo, uma vez que as informações necessárias para empreender estarão reunidas em um só lugar. “Lá a mulher pode entender se ela quer começar a empreender. Serve para buscar ideias, algum curso, ver se ela precisa de apoio de crédito, então ela consegue fazer o link para os programas dos bancos públicos”, enumera a subsecretária de Desenvolvimento das Micro e Pequenas empresas do Ministério da Economia, Carolina Busatto.
Carolina ainda pontua que o programa e as discussões de seus comitês são oportunidades de olhar para as demandas específicas das mulheres. “Pensar em espaços que sejam favoráveis às crianças, à vagas em creches, em contratos que sejam feitos na linguagem que seja acessível a todos”, exemplifica.
*Com informações Plataforma brasil para Elas/SEBRAE