A afirmação é do diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), Ricardo Tortorella, durante seminário sobre o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) ocorrido na Câmara dos Deputados no final do mês de abril.
Durante o seminário sobre o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) ocorrido no final do mês de abril, na Câmara dos Deputados, o diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), Ricardo Tortorella afirmou que o Brasil é o único país que possui abundância de água e de minerais no solo para dobrar a sua capacidade de produção de fertilizantes (NPK) nos próximos 5 anos.
“Se a gente puder olhar países que, ao mesmo tempo, contêm mais de 100 milhões de habitantes, mais de 2 milhões de km² e um PIB maior que U$ 1 trilhão, sobram cinco países no mundo. Nós somos um desses cinco países do mundo”, acrescentou o diretor. Tortorella também comentou que o PNF traz um equilíbrio fundamental para o setor.
O evento também contou com a presença do diretor-executivo do Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-Primas para Fertilizantes (Sinprifert), Bernardo Silva. Segundo ele, é de extrema importância que o Brasil tenha um plano de governo voltado para a produção própria de fertilizantes.
Tortorella citou que o problema de fertilizantes não começou com a pandemia, não começou com a guerra da Ucrânia. “Observamos a produção nacional sendo estagnada ao longo dos últimos 30 anos, enquanto a importação subiu mais do que 600%, por causa de falta de planejamento, coordenação e políticas equivocadas que privilegiavam as importações, quando a gente tem no Brasil plena capacidade de produzir fertilizantes”, completa.
Já Silva afirma que, no ano passado, o Brasil produziu cerca de 7,5 milhões de toneladas de NPK e que, em condições adequadas, essa produção poderia ser quase dobrada, pois o país possui capacidade instalada de quase 13 milhões de toneladas de NPK.
Ela aponta que a longo prazo, o Plano Nacional de Fertilizantes, até 2050, o Brasil teria condições de produzir quase 25 milhões de toneladas de NPK, caso todas as ações que constam no plano sejam implementadas.
Um dos parlamentares presentes no debate foi o senador Laércio Oliveira (PP-SE), que destacou que o Brasil gasta aproximadamente U$ 15 bilhões com a importação de fertilizantes por ano. “Eu escuto hoje muita conversa sobre a política de incentivos, que o Brasil renuncia bilhões ou trilhões com incentivos. Eu acho que rever essa pauta é importante, sim, mas o Brasil precisa se conscientizar de que a Política Nacional de Fertilizantes, bem aplicada, é importante para desenvolver o país”, enfatiza.
Plano Nacional de Fertilizantes
O Plano Nacional de Fertilizantes tem como meta planejar o setor até 2050 e desenvolver o agronegócio nacional, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.
O PNF começou a ser elaborado em 2021 e foi formalizado por decreto de 11 de março de 2022. O documento cria ainda o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo que coordena e acompanha a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes.
A implantação das ações do PNF poderá minimizar a dependência externa desses nutrientes importados principalmente da Rússia, China, Canadá, Marrocos e Belarus. Estados Unidos, Catar, Israel, Egito e Alemanha completam a lista dos dez maiores exportadores de fertilizantes para o Brasil em 2021, de acordo com dados do então Ministério da Economia.
Eliana Saraiva, com informações da ANDA, da Câmara dos Deputados e foto de Vinicius Loures