Fundamentais na agricultura de precisão, essas modernas tecnologias auxiliam o produtor no ganho de produtividade e eficiência
A agricultura vive a era do conhecimento, da modernidade, da tecnologia de ponta e da agricultura de precisão. E dois representantes desse novo momento são a aplicação do geoprocessamento e do sensoriamento remoto na agricultura.
Mesmo sendo termos amplamente utilizados, não são todas as pessoas do meio que entendem o que é geoprocessamento e o que é sensoriamento remoto, nem sua ligação com a agricultura de precisão. Ambos são importantes para uma agricultura que precisa ser cada vez mais produtiva e rentável.
Tanto o sensoriamento remoto quanto o geoprocessamento são tecnologias que vêm sendo aplicadas com maior constância dentro da agricultura de precisão.
Segundo Luis Gustavo Mendes, engenheiro agrônomo, o geoprocessamento é caracterizado pela análise de dados georreferenciados de atributos de interesse que possuem atrelados suas coordenadas geográficas para possibilidade de realizar tratamentos mais assertivos em campo.
Ainda sobre o georreferenciamento, Iêdo Bezerra Sá, Pesquisador da Embrapa Semiárido, explica que este conceito é representado pelo processamento informatizado de dados que tem uma cartografia associada. “O geoprocessamento utiliza programas de computador que permitem o uso de informações cartográficas e informações a que se possa associar coordenadas desses como mapas, cartas ou plantas”.
Sensoriamento remoto na agricultura
O sensoriamento remoto, por sua vez, é o estudo dos alvos de interesse, seja solo, planta ou produto, com o auxílio de sensores acoplados em plataformas aéreas, sejam drones, satélites ou aviões.
No âmbito da agricultura, atualmente há inúmeros satélites, drones e sensores sendo utilizados para detecção de sanidade da vegetação, como:
Mapas de biomassa (NDVI Normalized Difference Vegetation Index – índice de vegetação por diferença normalizada, NDRE, Normalized Difference Red Edge Index, entre outros); Mapas de altimetria e de declividade; Sensores de RADAR, entre outros.
Estes mapas são utilizados para manejar melhor as lavouras e conseguir ser mais eficiente no campo.
Como as imagens de satélite são geradas
O geoprocessamento e o sensoriamento remoto na agricultura estão relacionados, em parte, com as imagens obtidas por meio de satélite.
Iêdo Sá explica que as imagens de satélite são geradas em sistemas passivos, onde é feita a captura da radiação eletromagnética que é refletida pela superfície da Terra. O pesquisador da Embrapa explica que essa imagem é dita passiva porque necessita de iluminação do sol ou outra fonte de luz. Esta radiação é captada por sistemas sensores que estão a bordo de satélites artificiais. Estes sensores têm a capacidade de medir a radiação eletromagnética refletida pelos alvos em faixas do espectro eletromagnético.
Esta diferenciação por faixa é interessante porque os materiais da superfície da Terra têm diferentes comportamentos em cada intervalo espectral — daí a expressão comportamento espectral dos alvos, diz Sá.
Segundo o pesquisador, uns tem maior capacidade de absorver, enquanto outros de refletir ou de transmitir essa radiação incidente. “Estas características permitem inferir sobre a natureza de cada alvo imageado”, complementa.
Uma vez capturada essa radiação, é feita sua transmissão para antenas de recepção em terra, por meio de telemetria, que as transformam em imagens de satélite e são distribuídas para diversas classes de usuários.
Diferença entre imagens de satélite e fotografias aéreas
Para georreferenciar áreas, as imagens de satélite e as fotografias aéreas são amplamente utilizadas. No entanto, ainda há dúvidas sobre essas imagens, principalmente quanto às suas diferenças.
O pesquisador da Embrapa explica que a fotografia aérea é o resultado do registro de imagens, tomada de uma posição elevada ou diretamente acima do objeto de interesse, utilizando-se de uma câmera fotográfica posicionada em aviões, helicópteros, drones, balões, dentre outros. Fotografias aéreas são de grande importância nas áreas de cartografia, estudos hidrológicos, agricultura, monitoramento ambiental e no âmbito militar. Normalmente cobrem pequenas áreas no terreno.
Já as imagens de satélite geralmente cobrem uma área muito mais ampla e, portanto, têm aplicações de maior escala, porém com menor especificação.
Outra característica importante de diferenciação citada pelo pesquisador é a abrangência espectral que as imagens de satélite oferecem. As imagens de satélite registram informações que vão do visível até a faixa do infravermelho termal. Esta condição confere maior gama de processamento, análise e uso integrado.
Quanto ao processamento de dados, Luis Gustavo Mendes salienta que as imagens de satélite são mais simples para processar. Geralmente os satélites já possuem órbitas corrigidas e com uma imagem é possível realizar o processamento e criação dos mapas de interesse.
No caso dos drones e aviões, são tiradas várias fotografias aéreas que devem ser processadas em softwares dedicados para a criação da nuvem de pontos e dos mapas de interesse. “As fotografias aéreas exigem maior conhecimento dos profissionais envolvidos para criar os produtos e mapas de interesse”, complementa.
Usos do geoprocessamento e sensoriamento remoto na agricultura
Por meio de análises de dados de sensoriamento remoto, proximal ou qualquer outra fonte de dados georreferenciados, é possível produzir mais e manejar melhor as lavouras, sendo essencial para a redução de custos de produção e a otimização das atividades.
Isso é possível porque o geoprocessamento e o sensoriamento remoto são importantes ferramentas de coleta, tratamento e análise de informações que dão suporte na tomada de decisão e auxiliam os gestores/produtores no âmbito da agropecuária de várias formas.
Dentre as muitas possibilidades dessas tecnologias, Iêdo Sá destaca a importância dos zoneamentos agropedoclimáticos. Os zoneamentos indicam onde e quando plantar, eficiência no uso de insumos por intermédio da agricultura de precisão, controle de pragas e doenças e maximização da produtividade.
Além disso, com a utilização dessas ferramentas é possível:
*Avaliar a aptidão ou restrição das terras para uso agrícola por cultivo;
*Elaboração de mapas de produtividade;
*Monitoramento de pré-colheita e pós-colheita de cultivos agrícolas;
*Planejar as atividades e as melhores práticas de manejo e conservação da terra;
*Otimizar o uso da água; e
*Atender as normativas legais do código florestal brasileiro.
Segundo Mendes, diante das suas muitas possibilidades, o geoprocessamento de dados aliado ao sensoriamento remeto representam o futuro da agricultura, sendo essencial para redução de custos de produção e otimização das atividades agrícolas do mundo todo, finaliza Mendes.
Para saber mais sobre o uso de tecnologias de agricultura de precisão, confira nosso infográfico exclusivo sobre drones, RPAs e VANTs!