As três entidades filantrópicas vão realizar ato no dia 19 de abril com um abraço simbólico nos hospitais
O Hospital Carlos Fernando Malzoni (HCFM) de Matão, a Santa Casas de Araraquara, e a Santa Casa de São Carlos, unem forças e participam da Campanha “Chega de Silêncio” da CMB (Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos), que vai ocorrer na próxima terça-feira (19) em todo o país. No total 1.824 instituições de todo Brasil estarão unidas nesse dia para alertar à sociedade para a grave crise financeira da maior rede hospitalar do SUS e pedir ajuda para a sobrevivência desses hospitais filantrópicos.
Por isso, nessa terça-feira (19), esses três importantes e grandes hospitais filantrópicos responsáveis pelo atendimento SUS da região vão promover um ato com um abraço simbólico.
De acordo com a definição do dicionário, abraço é a “ação de envolver algo ou alguém com os braços, mantendo essa pessoa ou coisa próxima ao peito; amplexo. Mas também
“demonstração de carinho, de amor, de afeto ou de amizade, geralmente feita após uma mensagem verbal ou escrita: um enorme abraço”.
“Será um gesto de demonstração de reconhecimento da importância dos serviços de saúde prestados a todos, de respeito e afeto para com os profissionais que se dedicam a salvar vidas, e principalmente de reflexão de que cada um de nós tem sua responsabilidade para a manutenção e sobrevivência desses hospitais que representam cerca de 60% do atendimento ao SUS no Brasil” – destaca Rogério Bartkevicius, diretor Geral da Santa Casa de Araraquara.
A mobilização tem como objetivo o pedido de socorro e de recursos para a sobrevivência e manutenção dos atendimentos. O subfinanciamento é a remuneração dos serviços SUS que é abaixo do custo e é a principal causa da crise e do endividamento dessas instituições.
Desde o início do plano real, em 1994, a tabela SUS foi reajustada, em 93,77%, enquanto o INPC (índice de preços ao consumidor) foi de 636,07%, o salário mínimo em 1597,79%, o gás de cozinha em 2.415,94%. “Este descompasso brutal representa R$ 10,9 bilhões por ano de desiquilíbrio econômico e financeiro na prestação de serviço ao SUS, de todo o segmento. Desta forma se não houver políticas imediatas, consistentes, de sustentabilidade para estes hospitais, dificilmente nossas portas se manterão abertas e a desassistência da população é fatal” – afirma o presidente da CMB, Mirocles Véras, organização que representa 1.824 Santas Casas e Hospitais filantrópicos pelo Brasil.
Rogério Bartkevicius explica que a crise que o hospital atravessa é exclusivamente financeira. “Essa questão com o SUS, é um problema da saúde pública e que impacta a maioria das Santas Casas do país”. De acordo com ele, a pandemia da Covid-19 agravou ainda mais a situação, somado a fatores, como a alta nos custos de insumos hospitalares.
“O gasto mensal com medicamentos e materiais médicos aumentou, respectivamente, em média, 45% e 65% em relação aos valores praticados antes da pandemia de Covid-19. A indisponibilidade de anestésicos para a realização de cirurgias, que antes eram adquiridos por R$ 1,5 a unidade, hoje é comprado por R$ 289,00”, ressalta Rogério.
A Santa Casa de São Carlos acumula um déficit econômico e financeiro nas suas operações SUS de aproximadamente 2 milhões de reais por mês.
“O nosso hospital atende cerca de 400 mil habitantes de São Carlos e outras 5 cidades (Porto Ferreira, Descalvado, Dourado, Ibaté e Ribeirão Bonito). Pacientes que dependem dos serviços prestados pela Santa Casa, que é um hospital Privado e filantrópico. Sem a destinação de recursos como ficará a situação dessas pessoas atualmente atendidas aqui?” – destaca o Provedor da Santa Casa de São Carlos, Antônio Valério Morillas Júnior.
Já o Hospital Carlos Fernando Malzoni (HCFM) de Matão também enfrenta dificuldades financeiras devido ao subfinanciamento da tabela SUS. Por exemplo, o SUS paga R$ 37,95 por uma ultrassonografia, R$ 10,00 por uma consulta médica, R$ 4,11 por um hemograma completo, valores muito abaixo do que os hospitais gastam na realidade. A pandemia também impactou o HCFM com o aumento do uso de medicamentos e insumos hospitalares. Os preços de insumos e medicamentos dispararam.
Bloqueadores neuromusculares (Cisatracúrio 10mg) tiveram um aumento de 348%; Midazolam 50mg (hipnótico) aumentou 868%, dentre outros.
O agravamento da crise do Hospital de Matão só não foi maior porque a sociedade, empresas e instituições se mobilizaram para ajudar. Outro fator relevante é a existência de um plano de saúde estável, o HSAÚDE, que consegue amenizar o grande rombo causado pelos atendimentos SUS.
Para Denise Minelli, superintendente do HCFM, “sem os nossos hospitais, a saúde da população da região ficará extremamente comprometida. Para que continuemos sendo o principal parceiro do SUS, precisamos da atualização urgente da tabela de remuneração”.
O subfinanciamento do SUS é um problema de saúde pública que causou, nos últimos seis anos, o fechamento de 315 hospitais e o fechamento de mais de 7.000 leitos.
O objetivo desse abraço simbólico é sensibilizar toda a sociedade para que apoie essas instituições que cuidam e salvam vidas e que precisam ter sustentabilidade econômica e financeira para continuar a oferecer serviços de saúde a todos os usuários do Sistema Único de Saúde.
Portanto nessa terça-feira (19) venha se juntar a nós e abraçar essa santa causa!
Assinam todas as diretorias dos três hospitais.