As chamadas lojas 1,99 foram criadas nos EUA em 1960 e logo tiveram grande sucesso. No Brasil surgiram nos anos 90, com a estabilização no Plano Real, onde existia a paridade entre o real e o dólar, tornando a importação bastante atrativa. Em 2011 essa modalidade de comércio atingiu o pico de 35.000 unidades no Brasil e foi um sucesso inevitável.
Atualmente dentro do conceito original, as lojas R$ 1,99 estão cada vez mais raras. O motivo é a pressão inflacionária que insiste em não ceder aliada à alta taxa de câmbio. Se considerarmos que a maioria absoluta dos produtos ofertados nas lojas de R$ 1,99 tinham como origem a importação; que desde 2020 o dólar subiu quase 30% e a inflação oficial em 2021 fechou em 10,06% fica fácil entender as dificuldades do setor.
Essas mudanças no cenário têm obrigado os comerciantes a alterar suas estratégias. A solução foi aumentar a linha de produtos em busca de novos clientes. As lojas populares que antes atendiam basicamente as classes D e E, hoje despertam interesse também em clientes da classe C. O perfil dessas lojas passa a ser de uma loja de variedades, com aumento na oferta de alimentação e muda o foco para “preços a partir de R$ 1,99”.
A mensagem que fica é a enorme capacidade de adaptação do empresário brasileiro que exposto há anos a uma carga tributária exorbitante, que atravessou inúmeros planos econômicos, alguns mirabolantes com bloqueio de recursos e congelamento de preços, com dólar nas alturas, pandemia etc etc etc continua resistindo e gerando emprego e renda para o país.
A frase que o brasileiro é forte e não desiste nunca a cada dia mostra-se mais verdadeira.