Museu do Ipiranga será reinaugurado com o dobro da área construída e 12 exposições com itens de acervo inteiramente restaurados. Com valor estimado de R$ 211 milhões, além do restauro do Edifício-Monumento, o projeto incluiu a modernização e ampliação do espaço que passa a ser totalmente acessível; 3.500 obras do acervo passaram por restauro e ganharão recursos multissensoriais nas mostras da reabertura
Com a finalização das obras de ampliação e restauro do Museu do Ipiranga em setembro deste ano, o Brasil ganhará um dos mais completos e modernos museus da América Latina. Nos últimos três anos, o Museu passou por uma reforma que angariou o maior valor já captado entre a iniciativa privada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. A expectativa é de que, após as obras, o novo museu passe a receber entre 900 mil e 1 milhão de visitantes por ano. O custo da reforma é estimado em R$ 211 milhões – além dos recursos incentivados, há investimentos privados sem incentivo fiscal e também aportes públicos.
A obra é executada em duas grandes frentes: restauro do Edifício-Monumento e construção de um edifício ampliação. Na parte da ampliação, foi realizada uma escavação em frente ao prédio, na área da esplanada, que retirou 35 mil metros cúbicos de terra, o que equivale à capacidade de 2 mil caminhões. Com o novo espaço, de 6.800m², o Museu irá dobrar de tamanho. A expansão abrigará a nova entrada integrada ao Jardim Francês, além de bilheteria, café, loja, auditório para 200 pessoas, espaços e salas para atendimento educativo e uma grande sala de exposições temporárias. Pela primeira vez na história do Museu, a instituição estará apta a receber acervos de outras instituições, inclusive internacionais, graças à instalação de ar-condicionado.
Já no restauro do Edifício-Monumento, foram realizados reparos em todos os detalhes da refinada arquitetura, incluindo os 7.600m² das fachadas, que pela primeira vez passaram por limpeza, decapagem, recuperação dos ornamentos, aplicação de argamassa, tratamento de trincas e, por fim, a pintura. Para pintar, foi utilizada uma tinta mineral – desenvolvida especialmente para o Museu – que permite a troca de umidade entre prédio de cal e o ambiente. Um estudo estratigráfico (ramo da geologia que estuda as camadas de rochas) e o processo de decapagem também tornaram possível recuperar a cor original da construção do século 19. Tetos e paredes do interior receberam tratamento similar. Os elementos de marcenaria, como as 450 portas e janelas, foram catalogados, retirados e restaurados em oficinas no canteiro de obras, e recolocados no mesmo lugar anterior, bem como os 1900m² de assoalho que revestem o piso da edificação. Os pisos de ladrilho hidráulico franco-alemão também passaram por um refinado processo de restauro. Com a instalação de elevadores, o Edifício-Monumento será, enfim, totalmente acessível.
Outro quesito essencial no projeto do Novo Museu do Ipiranga são os métodos para prevenção de incêndios. O sistema de sprinklers adotado é do tipo “pré-ação” com tecnologia que antevê alarmes falsos, evitando disparos acidentais. Já o sistema de detecção de fumaça utiliza a técnica de aspersão (sucção do ar em intervalos fixos) para constante análise, podendo identificar partículas de resíduos queimados que podem prenunciar um incêndio. Os sistemas comuns de detecção de fumaça são acionados apenas em caso de muita fumaça, ou seja, após o incêndio ter tomado certa proporção. Dessa forma, com a técnica de aspersão, garante-se a proteção do prédio por meio de um sistema mais efetivo.
As medidas anti-incêndio incluem também a implantação de proteção térmica em toda a estrutura do prédio. A parte elétrica foi integralmente reformada e envolvida em manta cerâmica, material capaz de reter altas temperaturas, normalmente utilizado em portas corta-fogo. As estruturas metálicas foram revestidas com pintura intumescente, que preserva a resistência ao fogo das peças em caso de temperatura elevada. O telhado e coberturas também foram restaurados, ganhando camadas de proteção que garantem conforto térmico aos usuários e ao acervo nos pavimentos superiores. E os sistemas hidráulicos e de captação fluvial foram modernizados, para que não haja possibilidade de contato com o sistema elétrico (causa de muitos incêndios). Ademais, na parte expandida do Museu, optou-se por materiais pouco inflamáveis ou resistentes ao fogo, como concreto aparente e gesso.
As tecnologias de prevenção contra incêndios estão integradas a um sistema inteligente de gerenciamento predial, otimizando processos de segurança, manutenção do prédio e conservação do acervo. Neste sistema inteligente, reúne-se o funcionamento dos sistemas anti-incêndio, iluminação, ar-condicionado, câmeras de segurança, elevadores e escadas rolantes. Esse sistema está ligado a dois geradores abastecidos a gás natural, não poluente e com baixa emissão de ruído. Caso ocorra a falta de energia na edificação, esses geradores garantirão o funcionamento de todos os sistemas sem limite de tempo.
O prédio ganhou a instalação de vidros de baixa transmitância, que retêm o calor do raio solar, garantindo conforto térmico do prédio e melhor conservação do acervo. A iluminação é controlada ponto a ponto via sistema de automação, com lâmpadas LED, que gastam menos energia e emitem menos calor. Outra opção ecológica foi um sistema híbrido para a circulação de ar, que inclui aparelhos de ar-condicionado apenas na expansão do edifício – o que também preserva a integridade da construção histórica. Muitas instituições culturais estão repensando o uso de ar-condicionado em seus espaços, devido ao alto custo de manutenção e de consumo de energia, além de possíveis patologias ao edifício e ao acervo.
Prezando pela integridade do conjunto, o Novo Museu do Ipiranga também terá restaurado o Jardim Francês, localizado em frente ao Edifício-Monumento. A obra previu a restauração de toda a área construída e de paisagismo, além da reforma do espaço da antiga administração para instalação de um restaurante, criação de infraestrutura para food bikes, restauro e modernização da iluminação pública, requalificação das vias de acesso, contemplando também equipamentos de acessibilidade, a reativação da fonte central e a recuperação de duas fontes presentes no projeto original do jardim, que foram destruídas na década de 1970.
Juntamente às obras de restauro e ampliação, acontecem os trabalhos de conservação dos itens que estarão expostos na reabertura. São mais de 3 mil objetos do acervo que estão passando ou já passaram por restauração. Dentre eles, encontram-se 122 pinturas e duas maquetes de grande porte. Ao longo de sua história, os acervos sempre foram tratados e conservados. Em momentos pontuais, algumas peças passaram por restauro, mas essa é a primeira ocasião em que as coleções são objeto de um plano amplo de restauração, com diversas obras sendo restauradas ao mesmo tempo. Do número total de peças a serem expostas, 2.800 já tiveram seus restauros finalizados.
Desde 2013, quando o museu foi fechado, diversas medidas foram tomadas para garantir sua segurança e tornar possível a realização de um projeto de restauro do acervo. Após realizar um extenso plano de logística para esvaziar todo o edifício e transferir o acervo presente no Edifício-Monumento para as reservas técnicas localizadas no bairro do Ipiranga, foi lançado novo plano museológico, que norteou a criação das 12 novas exposições que serão abertas ao público, contemplando cerca de 3.500 itens do acervo. No total, o acervo do Museu do Ipiranga chega a 450 mil itens e documentos.
O quadro mais conhecido do acervo do Museu – a icônica tela Independência ou Morte, de Pedro Américo – foi um dos primeiros trabalhos a serem restaurados, ainda em 2019. Mas a pesquisa para o restauro do quadro começou ainda em 2017. Em um processo bastante singular, o restauro foi realizado simultaneamente à obra, no Salão Nobre, espaço onde o quadro permaneceu, devido ao seu tamanho. A tela, com dimensões de 415 cm x 760 cm, é maior do que as portas e janelas do salão, e foi montada originalmente no local onde está até hoje, sem nunca ter sido retirada. A equipe do Museu teve, portanto, a importante tarefa de protegê-la dos resíduos do restauro da sala, com um tecido especial que impede a entrada de pó permitindo que a obra “respire”.
Espaço mais importante do Museu, o Salão Nobre possui 182 m² e mais de 10 metros de pé-direito. Foi projetado para abrigar a tela de Pedro Américo, que figura o momento em que se anunciou a ruptura política com Portugal. O ambiente é o ponto culminante do chamado Eixo Monumental, que começa no saguão, no piso térreo, passa pelas escadarias, até chegar nesse espaço, que fica no ponto central do edifício. Todo o acervo artístico do Eixo Monumental é patrimônio cultural tombado pelos órgãos de preservação, e será conservado em sua integridade na reabertura. Parte dos quadros aí expostos foi encomendada e produzida cerca de 100 anos atrás, para as celebrações do primeiro centenário da Independência. Outros, porém, são mais antigos, como o próprio Independência ou Morte, concluído em 1888.
A maquete do Museu do Ipiranga também fará parte das novas exposições e já se encontra restaurada. Para elucidar a todos qual era sua ideia, o arquiteto italiano responsável pelo projeto do Museu – Tommaso Gaudencio Bezzi – construiu uma maquete com todos os detalhes da obra. A peça causava espanto pelo seu tamanho de 5 metros e, na época, impressionou D. Pedro II, que em uma visita a São Paulo foi à casa do arquiteto conhecer o modelo em gesso. O prédio do Museu tem 123 metros de comprimento e 16 metros de profundidade, e a maquete foi feita numa escala 1:32. Uma de suas principais curiosidades é revelar como seria a aparência do Museu, caso tivesse sido construído conforme o sonho de seu projetista. Além do Edifício-Monumento que conhecemos hoje, a proposta incluía duas grandes alas laterais, nunca construídas, mas visíveis no modelo em gesso e que dariam ao prédio quase o dobro do tamanho.
Em outra das salas expositivas, estará uma segunda maquete importante, que também está sendo inteiramente restaurada. Trata-se da representação da cidade de São Paulo. A miniatura retrata a capital paulista no ano de 1841, e foi projetada e confeccionada pelo holandês Henrique Bakkenist, que a terminou em 1922, ano em que o item passou a integrar o Museu do Ipiranga. A maquete começou a ser produzida em 1920, a partir de plantas e mapas da cidade, com o objetivo principal de reproduzir a São Paulo de 1822, ano da proclamação da Independência. No entanto, pela escassez de documentos sobre a capital paulista naquele período, a maquete foi elaborada para reproduzir a configuração da cidade no ano de 1841.
No Novo Museu do Ipiranga, o público se deparará com 12 exposições – 11 de longa duração e uma mostra temporária. As de longa duração são divididas em dois eixos temáticos: Para entender a sociedade e para entender o Museu. A exposição de curta duração, denominada Memórias da Independência, estará aberta por quatro meses. O tema foi escolhido por estar diretamente relacionado ao ano de reabertura do Museu e ao bicentenário da Independência, e trará acervos de outras instituições brasileiras, especialmente do Rio de Janeiro e da Bahia.
No total, serão expostos 3.058 itens pertencentes ao acervo do Museu, 509 itens de outras coleções e 76 reproduções e fac-símiles. A maior parte dos objetos data dos séculos 19 e 20, mas há itens mais antigos, que remontam ao Brasil colonial. São pinturas, esculturas, moedas, documentos textuais, fotografias, objetos em tecido e madeira que foram conservados e preparados para fazer parte do novo projeto expográfico.
Outro aspecto importante das novas exposições do Museu é a tratativa com a presença de monumentos que homenageiam figuras e situações controversas, como estátuas de bandeirantes e quadros com representações que celebram a destruição de missões e populações indígenas. Haverá um cuidado especial com essas obras, que devem ser tratadas como documentos históricos, portanto, como obras que nos informam sobre um modo de pensar de determinados grupos sociais em um determinado período de nossa história. O objetivo é dar ao visitante os elementos necessários para que ele possa compreender criticamente essas criações.
Outra das premissas do novo projeto é a acessibilidade. Além da acessibilidade física do edifício, que foi equipado com elevadores e rampas de acesso, as exposições também foram pensadas para oferecer condições mais amplas de exploração do acervo por parte do público. Para isso, 379 peças terão tratamento multissensorial. Haverá telas táteis, reproduções em metal, dioramas (maquetes tridimensionais feitas a partir das obras do Museu), plantas táteis para localização dos visitantes, dispositivos olfativos, reproduções visuais e táteis (reproduções de imagens com aplicações de texturas para o toque), reproduções 3D e em outros materiais semelhantes aos objetos originais (como pedra e metal), cadernos em Braile, amostras de texturas e objetos originais adquiridos especificamente para o manuseio dos visitantes. O processo ainda se completará na programação educativa a ser oferecida, com ações e estratégias de mediação que visam contemplar distintos perfis de público.
Os recursos multimidias serão outra importante forma de se relacionar com os visitantes. Ao longo das 49 salas expositivas, haverá mesas interativas com múltiplos recursos como textos, imagens, monitores audiovisuais e objetos táteis. Os objetos expostos serão integrados à arquitetura do edifício-monumento, criando um diálogo entre o que está sendo exposto e a construção palaciana inaugurada em 1895. As exposições contarão com 62 peças audiovisuais.
A rede Wi-Fi será aberta e gratuita para todos e os visitantes poderão, por meio de seus celulares, baixar propostas específicas de experiências dentro da instalação – mais rápidas ou mais direcionadas, por exemplo, a pessoas com deficiência visual, que também serão atendidos com a implantação de piso podo tátil em todo o circuito expositivo. Também será possível visualizar áreas estratégicas do museu, como as escadarias ou o saguão principal, em formato 3D, e programar passeios com condições diferentes, com menos estímulos e informações mais objetivas, o que pode auxiliar pessoas com autismo e outras deficiências intelectuais. Os recursos podem não só dar condições de maior entendimento para pessoas cegas, surdas ou com deficiência intelectual, como também podem ampliar a experiência para todos os visitantes.
Para Entender a Sociedade
Esse eixo apresenta para o público as pesquisas desenvolvidas pelo corpo docente do Museu e dizem respeito a processos sociais ligados aos imaginários que alimentam histórias do Brasil, ao universo do trabalho, e à constituição dos espaços domésticos como lugares de formação de identidades.
1. Uma História do Brasil: a exposição compreende o hall, a escadaria principal e o salão nobre e tem como acervo principal as obras de arte que estão integradas à arquitetura, como a tela Independência ou Morte, de Pedro Américo. Essa decoração constitui uma versão da história do Brasil produzida para as comemorações do centenário da Independência em 1922. Coloca em questão a noção de realidade dessa narrativa, a escolha dos personagens que compõem uma versão da história do Brasil e o modo como esta versão da história do Brasil se subordina à história paulista.
2. Passados Imaginados: exibe as telas de grandes dimensões, além da maquete de gesso representando a cidade de São Paulo em 1841. O foco será demonstrar que os acontecimentos representados nessas obras não são uma janela para o passado que está ali representado, e sim o processo de criação de artistas em determinadas épocas. Acostumado a entender estas representações como cenas verídicas, por conta do modo como foram apresentadas nos livros didáticos, o público encontra nessa exposição a recontextualização das obras de arte para serem compreendidas dentro do sistema que as produziu.
3. Territórios em Disputa: aqui serão expostos os objetos ligados à colonização mais antigos do Museu, que remontam aos séculos 16 e 17. São objetos, cartas de sesmaria, mapas e outros documentos que contam como os europeus implantaram nas terras coloniais noções de território que se materializaram não apenas por meio de legislação ou da força bruta, mas pelo uso de objetos inéditos para os povos indígenas.
4. Mundos do Trabalho: a exposição trata do universo do trabalho num amplo espectro de atividades desde o período colonial até os dias atuais. Pretende lançar luzes sobre o trabalho anônimo de indígenas, negros escravizados, forros, homens livres, migrantes, imigrantes e, com isso, trazer questões centrais para a compreensão do trabalhado nos dias de hoje. Uma delas será demonstrar que o trabalho manual ou seriado não pode ser desconectado do trabalho intelectual.
5. Casas e Coisas: expõe o processo de transformação dos espaços da casa que levou ao esvaziamento de suas funções produtivas. A casa era um lugar multifuncional – o lugar onde se cultivava alimentos, se praticava o comércio, se produziam coisas, onde as crianças recebiam educação, se realizavam encontros culturais. Ao longo do tempo, essas atribuições foram sendo transferidas para instituições específicas fora da casa. Ao perder essas funções tradicionais, a casa se volta para uma experiência inédita: fazer parte da formação da identidade. É no século 19 que a palavra “interior” passa a conectar artefatos e espaços da casa ao interior psíquico de seus moradores. Essa mostra não trata de decoração, mas de como a decoração se torna a expressão do caráter e da personalidade de seus moradores.
6. A Cidade Vista de Cima: a última exposição do eixo para entender a Sociedade fica num espaço que leva ao mirante do Edifício-Monumento. Nela, serão apresentadas imagens que mostram os diferentes momentos da história da cidade de São Paulo.
As exposições deste eixo trarão informações sobre a história do edifício, da instituição e seu ciclo curatorial (aquisição, conservação, catalogação, exposição). Como analisar processos históricos nunca é um trabalho neutro, é fundamental tornar transparente o modo de produção desses conhecimentos, buscando distinguir memória, uma categoria social, da História, uma categoria cognitiva que permite o fenômeno social da memória. Além de uma exposição introdutória sobre esses temas, o eixo conta com mais quatro exposições, que exibirão as maiores coleções do Museu – medalhas, moedas, imagens e objetos do cotidiano, brinquedos e louças nacionais e estrangeiras. Elas serão utilizadas para demonstrar o funcionamento do ciclo curatorial, discutidos a partir de quatro atividades chamadas de 4Cs – Coletar, Catalogar, Conservar e Comunicar.
7. Para Entender o Museu: exposição introdutória sobre o eixo. Conta a história do edifício e da instituição, explicando como é o trabalho na área de História e Cultura Material, como surgiu o Museu e porque ele foi instalado em um edifício projetado para ser um monumento à memória da Independência.
8. Coletar: imagens e objetos. Amostras de nossas coleções são utilizadas para explicar as mudanças nas políticas de coleta de documentos, que levaram tanto a uma ampliação da cadeia de segmentos sociais representados quanto a uma variedade de materiais e técnicas.
9. Catalogar: moedas e medalhas. A prática da catalogação será explorada a partir da tradicional coleção de moedas e medalhas, que tem formas muito estabelecidas de identificação e descrição de seus materiais e suas simbologias.
10. Conservar: brinquedos. São centenas de objetos de brincar de casinha ao lado de carrinhos, espaçonaves e foguetes. Será possível mostrar o trabalho de conservação desde a avaliação na entrada do item na coleção, as atividades de higienização e restauração, os modos de embalar e a guarda nas reservas técnicas.
11. Comunicar: louças. Será possível mostrar como se produz uma exposição, bem diferente da prática de simplesmente expor os objetos, relacionada à seleção, criação e interpretação, portanto, de um processo de conhecimento que está longe de ser neutro ou de atestar uma verdade.
Memórias da Independência
A exposição com duração de quatro meses inaugurará a área nova de expansão do Museu sob a Esplanada. Aqui, serão tratadas as diferentes práticas memoriais e comemorativas relacionadas ao processo de Independência, que resultaram em sucessivas celebrações ao longo dos séculos 19, 20 e 21. Por ela, o público poderá entender como o processo de ruptura foi também disputado por projetos celebrativos e festividades que ocorreram em São Paulo, no Rio de Janeiro (a antiga capital) e em Salvador (onde o processo de Independência só foi concluído em 1823).
Museu do Ipiranga – USP
O Museu do Ipiranga é sede do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, e seguiu em atividade com eventos, cursos, palestras e oficinas em diversos espaços da cidade. As obras de restauro, ampliação e modernização do Museu são financiadas via Lei Federal de Incentivo à Cultura. A gestão do Projeto Novo Museu do Ipiranga é feita de forma compartilhada pelo Comitê Gestor Museu do Ipiranga 2022, pela direção do Museu Paulista e pela Fundação de Apoio à USP (FUSP). O Museu está fechado desde 2013. As obras se iniciaram em outubro de 2019 e a expectativa é que o museu seja reaberto em setembro de 2022, para a celebração do bicentenário da Independência do Brasil. Para mais informações sobre o restauro, acesse o site museudoipiranga2022.org.br.
O edifício, tombado pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal, foi construído entre 1885 e 1890 e está situado dentro do complexo do Parque Independência. Concebido originalmente como um monumento à Independência, tornou-se em 1895 a sede do Museu do Estado, criado dois anos antes, sendo o museu público mais antigo de São Paulo e um dos mais antigos do país. Está, desde 1963, sob a administração da USP, atendendo às funções de ensino, pesquisa e extensão, pilares de atuação da Universidade.
Fonte: Museu do Ipiranga