Entre os 56 oficiais-generais, da Aeronáutica, Exército e Marinha, que cumprimentaram o presidente estava Maria Cecília Barbosa. Ela é a terceira mulher da história e primeira mulher negra a alcançar o posto de Almirante.
O cumprimento do Presidente da República aos oficiais-generais promovidos é um evento protocolar e recorrente, realizado no Palácio do Planalto. A edição realizada na última terça-feira (4/4), no entanto, teve uma novidade: a promoção da primeira mulher negra, a médica Maria Cecília Barbosa, alçada a contra-almirante, um dos cargos mais altos da Marinha do Brasil, depois de 28 anos de serviços às Forças Armadas.
Como a própria declarou à Secom, sua carreira reflete um movimento amplo, de presença cada vez maior de mulheres nas Forças Armadas, especialmente a Marinha. “Estou muito feliz, promovida agora a contra-almirante, um dos cargos mais altos da Marinha do Brasil. Estou bastante orgulhosa por representar uma parcela grande da marinha, que é a tripulação feminina”.
A participação das mulheres na Marinha do Brasil começou em 1980, quando a legislação permitiu o ingresso feminino na Força. À época, elas integravam um corpo auxiliar e sua participação era restrita a alguns cargos e ao serviço em terra. Este ano, porém, ocorreu o ingresso das primeiras mulheres na Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina (EAMSC), o acesso da primeira turma de alunas no Colégio Naval e é a primeira vez que mulheres poderão prestar concurso para Soldados Fuzileiros Navais. Até 2024, estarão incluídas em todos os Corpos, escolas e centros de instrução da Força.
A Almirante Médica Maria Cecília também falou sobre este tema: “A Marinha dá essa possibilidade de ingressar no corpo de saúde, como foi o meu caso, e concorrer com o sexo masculino em todos os níveis. A primeira mulher oficial-general foi a dra. Dalva Maria Mendes, contra-almirante, em 2012. Depois, a engenheira Luciana Marrone também chegou ao cargo, em 2018. Eu fui terceira e acredito que agora as portas vão ficar mais abertas porque tem um grande número de mulheres oficiais nesses quadros de acesso para o generalato”.
COMO É O EVENTO – A cerimônia inicia-se com a execução do Hino Nacional e, em seguida, os oficiais-generais revezam-se em um fila para os cumprimentos, que perpassa o palco onde estão as autoridades. Além do presidente Lula, acompanhado de Janja Lula da Silva, estavam presentes o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno. Todos cumprimentaram os recém-promovidos e seus acompanhantes, ao som de música ambiente executada por banda militar. A certa altura, foi a vez de Maria Cecília receber a felicitação do mandatário.
Em sua conversa com a Secom, Maria Cecília, que é diretora de Saúde e Assistência Social da Secretaria de Pessoal, Saúde, Desporto e Projetos Sociais do Ministério da Defesa, comentou o fato de ser a primeira mulher negra a chegar a tão alto posto. “Sou da Marinha há 28 anos. Amo minha profissão e amo a Marinha do Brasil. Naturalmente, as coisas foram acontecendo. Nessa instituição não existe preconceito de nenhuma forma, nem pelo sexo, nem pela raça. Todos têm iguais capacidades de competir e de crescerem e se posicionarem na profissão e na carreira militar. Desde o ingresso até hoje, me sinto muito realizada na profissão e dentro da instituição”, conclui a Almirante Médica, com a dignidade de uma porta-bandeiras.
Fonte: Secom