Dia da Consciência Negra o Portal Matão Informa traz algumas personalidades negras e negros do nosso país. Carolina de Jesus foi uma grande intelectual brasileira!
Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914. Passou grande parte de sua vida na favela do Canindé, em SP. Suas vivências e reflexões foram imortalizadas na obra “Quarto de Despejo”, de 1960. O livro foi um sucesso internacional, traduzido para 16 idiomas.
Filha de uma família pobre, teve uma educação formal de apenas dois anos. De 1923 a 1929, a família de lavradores migrou para Lajeado (MG), Franca (SP), Conquista (MG), até voltar definitivamente para Sacramento. Nessa cidade, a escritora e sua mãe ficaram presas durante alguns dias. Como Carolina sabia ler, as autoridades concluíram que ela lia para fazer feitiçaria.
“Quarto de Despejo” é o retrato do cotidiano de uma mulher negra, mãe e favelada em busca da sobrevivência contra a fome, a miséria, o racismo e o desprezo do poder público. Esses temas, infelizmente, permanecem extremamente atuais nos dias de hoje.
Mais do que isso, Carolina Maria de Jesus constrói uma verdadeira análise política, histórica e sociológica do Brasil. Sua narrativa, repleta de dor mas também de beleza e resistência, deveria ser ensinada nas escolas! Carolina é uma grande INTELECTUAL brasileira.
Carolina escreveu ainda livros como “Casa de Alvenaria” e “Diário de Bitita”, em que continua abordando o tema urgente do racismo e da desigualdade social, mergulhando em suas memórias enquanto analisa o Brasil.
Carolina Maria de Jesus deixou um imenso legado nas suas obras. Ainda hoje, suas observações são extremamente pertinentes. Pela sua importância, saudamos sua memória e queremos manter acesa sua chama. Seu nome jamais será esquecido! Viva Carolina de Jesus, nossa IMORTAL! Carolina de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais importantes escritoras do país.
Outro fato interessante da vida da autora é a sua opção de não se casar, o que mostra uma mulher independente e forte para a sua época: “Eu enfrento qualquer espécie de trabalho para mantê-los [os filhos]. E elas, tem que mendigar e ainda apanhar. Parece tambor. A noite enquanto elas pedem socorro eu tranquilamente no meu barracão ouço valsas vienenses. […]. Não invejo as mulheres casadas da favela que levam vida de escravas indianas”.
Essa sua independência manifesta-se também neste trecho: “O senhor Manuel apareceu dizendo que quer casar-se comigo. Mas eu não quero porque já estou na maturidade. E depois, um homem não há de gostar de uma mulher que não pode passar sem ler. E que levanta para escrever. E que se deita com lápis e papel debaixo do travesseiro. Por isso é que eu prefiro viver só para o meu ideal”.
Por ser uma mulher de personalidade forte, Carolina Maria de Jesus, no contexto da obra, não é muito apreciada pelas outras mulheres da favela. Mas a escrita (além da leitura) é a forma que a autora encontra para suportar os problemas de sua realidade: “Aqui, todas impricam comigo. Dizem que falo muito bem. Que sei atrair os homens. Quando fico nervosa não gosto de discutir. Prefiro escrever. Todos os dias eu escrevo. Sento no quintal e escrevo”.
Fonte : Vereadora Veronica Lima(Niterói) e Arquivo Nacional