Que o fantasma da inflação voltou a assombrar a vida dos brasileiros não é novidade pra ninguém. Segundo o IBGE, o IPCA que é o indíce oficial da alta de preços no Brasil está em 12,13 % nos últimos 12 meses (dados até abril). O cidadão comum percebe essa alta todas as vezes que vai aos supermercados e sente seu orçamento cada vez mais pressionado. Mas existe um outro fenômeno que também vem incomodando bastante, e que é a inflação ao contrário, tecnicamente chamada de reduflação. A prática não é nova mas tem se acelerado a partir do segundo semestre de 2021.
A reduflação consiste na estratégia de reduzir as embalagens ou tamanho dos produtos, tentando passar ao consumidor a falsa impressão que não houve aumento de preços, mas uma vez que o volume diminuiu, houve sim acréscimo de valor. A lista de produtos que vem usando essa técnica é grande, passando por sabão em barra, líquido e em pó, iogurte, barra de chocolate, suco, molho de tomate, pão de forma, achocolatado, biscoitos, toalhas de papel, papel higiênico entre outros.
A indústria usa a argumentação que o motivo da reduflação é uma adequação ao perfil dos consumidores, mas por trás disso existe uma estratégia que é consequente da pressão por resultados e necessidade de mostrar aos investidores que elas são capazes de reagir à crise e mostrar números convincentes em seus balanços.
O problema é que pode ser um tiro no pé. Segundo pesquisa elaborada pelo site Reclame Aqui, 80 % dos consumidores consultados tem percebido o movimento dos fabricantes em reduzir o tamanho ou peso de suas embalagens. Segundo analistas, as empresas correm um sério risco de serem interpretadas por estarem silenciosamente enganando seus clientes, e isso pode implicar em um dano duradouro à suas marcas.
Tão danosa ou pior que a prática da reduflação é a propaganda enganosa. No varejo casos recentes notórios foram o Mc Picanha do Mc Donald’s que a rede chegou a excluir do cardápio após tornar-se público que tinha apenas o sabor da carne que nomeava o lanche e o da rival Burger King se viu obrigada a mudar o nome do Whopper Costela para Whopper paleta suína pelo mesmo motivo.
Não bastasse o enorme malabarismo que o consumidor se vê obrigado a praticar para não estourar o seu já apertado orçamento, tem ainda que ficar atento a essas pegadinhas, que se não são ilegais, mostram-se pelo menos imorais.