Lei sancionada no mês de julho cria a data no período que abrange o dia 1º de agosto. Transtorno atinge de 3% a 5% das crianças em idade escolar.
A Semana Nacional de Conscientização sobre Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) será celebrada a partir deste ano, no período de 1º de agosto. A data foi instituída a partir da Lei nº 14.020, de 6 de julho de 2020, aprovada pelo Congresso Nacional em junho e sancionada neste mês de julho.
A nova lei tem como meta conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento precoce. O TDAH é um transtorno neurocomportamental, mais frequente na infância e no sexo masculino, e que acompanha a pessoa até a vida adulta. Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), o distúrbio acomete de 3% a 5% das crianças em idade escolar no mundo.
São três os principais sintomas: desatenção, hiperatividade e impulsividade, que podem aparecer de forma isolada ou conjunta. No primeiro, a pessoa tem dificuldade, por exemplo, de concentração e de seguir instruções. Na hiperatividade, o comportamento envolve movimentação constante e dificuldade em manter-se quieto, enquanto o último sintoma pode levar a respostas precipitadas e dificuldade de espera. Esses sintomas podem ainda ser divididos entre leve, moderado e grave, conforme o impacto que causam.
Letícia Brito Sampaio, neurologista infantil e membro da Academia Brasileira de Neurologia esclarece que os sintomas devem sempre estar presentes antes dos 12 anos de idade e devem ocorrer em pelo menos dois ambientes, ou seja, não ocorre somente em casa ou na escola. Os sintomas podem interferir no funcionamento social, acadêmico e profissional da pessoa.
Diagnóstico
Segundo a neurologista infantil, o diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, não há um exame para detectá-lo. De acordo com Leticia, estudos demostram que pais que têm diagnóstico de TDAH apresentam riscos de 2 a 8 vezes maior de seus filhos apresentarem o mesmo transtorno, com risco semelhante entre os irmãos.
Tratamento
O início do tratamento precoce é parte fundamental para pacientes com TDAH. O método é multiprofissional, composto por orientação aos pais, participação da escola, terapia cognitiva comportamental e tratamento medicamentoso. Este último, desde o diagnóstico confirmado, também é essencial para diminuir os sintomas do TDAH e dos transtornos disruptivos associados.
A neurologista Leticia salienta que é superior às terapias adjuvantes (tratamento que é feito de maneira complementar após a realização de um procedimento principal), principalmente no início do tratamento.
O tratamento é feito com base na idade e na presença ou não de comorbidades, como transtorno disruptivo de comportamento ou comportamento opositivo desafiador. Em crianças pré-escolares, o procedimento inicial prevê intervenção psicossocial e participação da família. Em casos em que não há melhora e que há prejuízos de desenvolvimento social, por exemplo, pode haver medicação estimulante. Em crianças, adolescentes e adultos, transtornos como o de ansiedade e o de humor devem ser tratados antes do TDAH, quando diagnosticados simultaneamente ao Déficit de Atenção.
Semana Nacional de Conscientização do TDAH
Sobre a Semana Nacional de Conscientização do TDAH, acredita-se que a proposta irá ao encontro da necessidade de diagnóstico precoce feito pelas famílias. De acordo com profissionais da área, a lei é muito importante porque hoje tem muitas famílias que não conseguem perceber que o filho tem algum tipo de TDAH. Para a doutora Letícia, a nova lei poderá quebrar tabus que envolvem o distúrbio. Ela reforça que a semana será importante para esclarecer as pessoas sobre quadro clínico e necessidade de tratamento.
Fonte: Ministério da Saúde/EBC/ Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA)